O Santalabs, a primeira rede de laboratórios de inovação cidadã da Argentina, nasce com o desafio inventar novos arranjos e aprofundar o papel dos cidadãos na construção dos bens comuns.
“Queremos que o cidadão não só decida junto, mas também faça junto!”. A frase do argentino Diego Gismondi sintetiza um dos principais desafios da rede de laboratórios de inovação cidadã que vem sendo articulada por ativistas, gestores públicos e empreendedores ibero-americanos.
No dia 11 de março, esta rede ganhou novo impulso a partir do lançamento da jornada argentina do processo, protagonizada pelo governo da província de Santa Fé. O projeto dos SantaLabs é um processo de mobilização da comunidade de fazedores, pensadores e articuladores de iniciativas inovadoras, que inicialmente manterá laboratórios físicos nas cidades de Rosário e Santa Fé.
Gismondi está no comando da Subsecretaria de Inovação Pública de Santa Fé, província que se destaca pelas iniciativas de abertura democrática. Há 15 anos praticam o orçamento participativo e as assembleias promovidas para debater políticas públicas reúnem mais de 20 mil participantes em todo o estado. Recentemente, realizaram ações para promover um governo aberto ao ampliar o diálogo com a sociedade a partir das inovações proporcionadas pelas tecnologias digitais de informação e comunicação. O SantaLabs nasce dentro deste contexto.
Mais de 120 pessoas atenderam à convocação, realizada por meio das redes digitais (ver evento), propondo aos cidadãos saírem da posição “de quem protesta, para quem propõe”.
“Mais do que participação cidadã, temos que falar de co-produção política da cidadania”, defente Gismodi. Os organizadores esperam que este encontro seja o ponto de partida de um processo aberto e colaborativo de construção desta experiência que culminará num laboratório físico que atenderá as necessidades de sua comunidade conectada com esta rede de inovação cidadã que vem sendo construída com o apoio da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB).
O governador da província de Santa Fé, Miguel Lifschitz, mostrou-se entusiasta desta forma de trabalho. “Encabeçamos um governo inovador, apostando em projetos que começam sem nós sabermos como vão seguir, mas que ao se desenvolverem alcançam êxito. Este é um salto para o século XXI”.
Na festa de lançamento, alguns convidados apresentaram experiências inovadores no campo da democracia digital e outros ações envolvendo a articulação entre o Estado e a sociedade civil. Houve espaço para diversas iniciativas locais apresentarem seus trabalhos, como a rede Hacks/Hackers, a Wikimedia, a STS Rosario, o Movimiento Maker, o Rosario Game Devs, entre outros.
Também aconteceu uma feira de projetos de inovação rosarinos que buscam encontrar espaço para se fortalecerem com a criação deste laboratório.
Parceria com o Brasil
O gestor, artista e ativista digital Rodrigo Savazoni participou como convidado do evento. Em sua apresentação (veja aqui), fez uma evolução histórica da ideia de laboratório tomando como ponto de partida as políticas brasileiras de cultura digital livre, que começam com os telecentros comunitários, passando pelos Pontos de Cultura, até chegar as ações das comunidades em rede, como a Metareciclagem, o Fora do Eixo e a rede Transparência Hacker.
A pedido dos organizadores do SantaLabs, Savazoni compartilhou um pouco da história da criação da Casa da Cultura Digital (CCD). “A CCD se constituiu em um laboratório de vida para experimentar novos arranjos de produção e criação em contexto digital”, define. A partir das ideias que circularam por ali, surgiram iniciativas que seguem atuantes como o LabHakcer e o LabCidade, em São Paulo e o Olabi, no Rio de Janeiro.
“Agora estamos trabalhando na criação de um modelo de Laboratório Cidadão para o Comum, que é o Santos Lab, que terá parceria com inúmeras organizações da sociedade civil, nacional e internacional, e com o governo de Santos”, anuncia.
As iniciativas de Rosário e de Santos caminham em paralelo e já nascem parceiras. A próxima etapa para fortalecer esta rede será a realização um mapeamento de iniciativas cidadãs.
“A partir de então, será desenhado um plano de ações que pode envolver uma colaboração ainda mais estreita entre o governo de Santa Fé e o projeto Tecnologias e Alternativas”.
Com informações do Rosario.net e Rosario Plus.
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